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Consideremos o circuito da figura 5.1. Neste circuito temos uma fonte de tensão de valor , variável, ligada em série com uma resistência e um condensador . A fonte de tensão varia como uma onda quadrada representada no gráfico da figura entre 0 e E volts. Estamos interessados em determinar como varia a tensão aos terminais do condensador . Vamos começar por escrever a lei da malha
Figura 5.1:
circuito RC série (a) e forma de onda em (b).
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(5-1.01) |
por outro lado sabemos que
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(5-1.02) |
substituindo (5-1.2) em (5-1.1) temos uma equação diferencial de primeira ordem com segundo membro em , que é
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(5-1.03) |
Existem pelo menos duas formas de resolver a equação (5-1.3): uma é através da solução directa da equação diferencial considerando primeiro a equação homogénea e depois a equação forçada com segundo membro; a outra é utilizando a Transformada de Laplace (TL) estudada no capítulo anterior. Vamos utilizar a TL, calculando a TL de ambos os membros de (5-1.3) obtemos
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(5-1.04) |
sabendo que o condensador se encontra descarregado no instante inicial, , temos que
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(5-1.05) |
Basta-nos agora considerar o sinal da figura 5.1(b) que se pode escrever como
e por isso a sua TL nesse intervalo é dada por
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(5-1.06) |
substituindo em (5-1.5) e decompondo em frações temos
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(5-1.07) |
de onde podemos tirar directamente a TLI
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(5-1.08) |
É claro que seria muito mais fácil utilizar directamente o cálculo simbólico, o nos permite não passar pela equação diferencial escrevendo imediatamente a partir do circuito da figura 5.1(a) o par de equações
onde considerámos logo que o condensador se encontrava descarregado no momento inicial, i.e., que , e de onde tiramos logo (5-1.5).
Figura 5.2:
descarga de um condensador.
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Quando a tensão muda de para 0 tudo se passa como no circuito equivalente da figura 5.2 onde o condensador se descarrega progressivamente na resistência segundo uma equação idêntica a (5-1.3) com e portanto a solução deduz-se de (5-1.4) com e
, o termo em exponencial significa apenas que tudo se passa em em vez de em (ver discussão em torno ao cálculo de na equação (d) do exemplo 1 de 4.5). Assim
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(5-1.11) |
e portanto calculando a TLI
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(5-1.12) |
e a forma completa de está representada na curva (a) da figura 5.3 para .
Figura 5.3:
tensão aos bornos de um condensador (a) e corrente de carga (b).
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Calculando a derivada da função de (5-1.8) obtem-se
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(5-1.13) |
de onde se deduz o coeficiente director na origem fazendo ,
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(5-1.14) |
e por isso a equação da recta tangente à curva na origem escreve-se
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(5-1.15) |
quando esta recta atinge o valor final da curva temos que conforme representado na figura 5.3. Se o valor de , que é chamada constante de tempo do circuito, fosse muito inferior a então a carga seria muito rápida e ao limite . Se fosse muito superior a , então o sinal de saída não iria atingir o seu valor final no intervalo considerado e iria ser, ao limite, desprezável em relação a .
A corrente no circuito é dada por (5-1.2) onde tem a forma (5-1.8) para e então
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(5-1.16) |
para temos que
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(5-1.17) |
e cujo gráfico está representado na figura 5.3(b).
Em termos energéticos, utilizando a equação (2-4.7), podemos dizer que a energia armazenada no condensador quando carregado à tensão , é
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(5-1.18) |
por outro lado a energia fornecida pela fonte é , concluindo-se que só metade da energia fornecida pela fonte é armazenada pelo condensador, sendo a outra metade dissipada na resistência .
Exemplo: consideremos o circuito da figura 5.4.
Figura 5.4:
circuito RL série.
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Neste circuito está representada uma fonte de tensão alternada semelhante à da figura 5.1 e com a mesma onda quadrada à entrada. A fonte de tensão encontra-se em série com uma resistência e uma bobine . Pretendemos determinar a corrente atravessando a bobine e a tensão aos seus bornos .
Podemos começar por escrever a equação que rege o circuito,
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(5-1.19) |
Resolvendo como no caso RC através da TL, obtemos
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(5-1.20) |
com e chegamos a um resultado idêntico aquele encontrado no caso do circuito RC, i.e., que a corrente no circuito se pode exprimir como a soma de dois termos: um devido ao degrau unidade à entrada e outro que é uma exponencial amortecida com uma constante de tempo dependente dos valores dos elementos do circuito, neste caso a resistência e a bobine . Assim
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(5-1.21) |
e portanto
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(5-1.22) |
Figura 5.5:
corrente (a) e tensão (b) num circuito RL série.
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A tensão é obtida facilmente através da derivação de (5-1.22) segundo (5-1.23). A figura 5.5 mostra os gráficos da tensão e corrente no circuito em função do tempo para o sinal de entrada . Podemos fazer o mesmo raciocínio acerca dos valores relativos entre e a constante de tempo do circuito que é neste caso .
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(5-1.23) |
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Sergio Jesus
2003-12-07