11.4

Teoremas Básicos em Notação Fasorial

CapaÍndiceIndexReduzir Janela TextoAmpliar Janela Texto
AjudaCapítulo 12Capítulo 10Secção 11.3Secção 11.5

11.4.1 Transformação de Fonte

Uma fonte de tensão sinusoidal não ideal, expressa por um fasor de tensão (Vs) e por uma impedância (Zs), pode ser transformada numa fonte de corrente sinusoidal por aplicação da transformação

(11.60)

e

(11.61)

Figura 11.11 Transformação de fonte em notação fasorial

Na Figura 11.12 representam-se alguns exemplos de fontes às quais se aplicou o teorema da transformação de fonte.

Figura 11.12 Transformação de fonte em notação fasorial

Por exemplo, no caso (b) verifica-se que

(11.62)

e que

(11.63)

em que qs representa a fase na origem da fonte de tensão e js o ângulo do número complexo representativo da impedância da fonte.

11.4.2 Teorema de Thévenin e Equivalente de Norton

A metodologia de cálculo dos equivalentes de Thévenin e de Norton fasoriais baseia-se num conjunto de procedimentos em tudo semelhantes aos estabelecidos no Capítulo 6, para os circuitos resistivos puros. Na Figura 11.13 apresentam-se diversos circuitos que exemplificam a metodologia de cálculo dos equivalentes de Thévenin e de Norton em notação fasorial.

Figura 11.13 Equivalentes de Thévenin e de Norton em notação fasorial

No circuito da Figura 11.13.a, o fasor da tensão de Thévenin coincide com a tensão em aberto medida entre os terminais a-b,

(11.64)

ao passo que a impedância de Thévenin é expressa por

(11.65)

No caso de 11.13.b, a fonte de corrente de Norton é

(11.66)

e a impedância

(11.67)

Finalmente, nos circuitos de 11.13.c e 11.13.d obtêm-se, respectivamente, os equivalentes de Thévenin

(11.68)
(11.69)

e

(11.70)

11.4.3 Teorema da Sobreposição das Fontes

A generalização do teorema da sobreposição das fontes à análise fasorial do regime forçado sinusoidal - ou seja, a adição dos fasores associados a fontes sinusoidais distintas - só pode efectuar-se nos casos em que se verifique uma mesma frequência angular. Na Figura 11.14 visualiza-se a causa desta limitação da aplicação do teorema da sobreposição das fontes: os fasores associados a frequências angulares distintas reportam-se a planos complexos distintos, em particular devido à diferente velocidade angular com que cada plano é suposto girar. Por outro lado, frequências angulares distintas conduzem a valores também distintos para as impedâncias dos elementos condensador e bobina, devendo as contribuições de cada uma das fontes reportar-se aos seus parâmetros próprios.

Figura 11.14 Fasores de sinais sinusoidais com frequências angulares distintas

Considere-se então o circuito representado na Figura 11.15.a e admita-se que as duas fontes independentes sinusoidais se caracterizam pela mesma frequência angular.

Figura 11.15 Teorema da sobreposição das fontes (fontes sinusoidais com idêntica frequência angular)

De acordo com o teorema da sobreposição das fontes (em notação fasorial), o fasor da tensão V2 é expresso pelo somatório

(11.71)

em que (Figura 11.15.b)

(11.72)

e (Figura 11.15.c)

(11.73)

ou seja,

(11.74)

O fasor em (11.74) corresponde à expressão no domínio do tempo

(11.75)

Considere-se agora o circuito da Figura 11.16.a e admita-se que as duas fontes de sinal são sinusoidais, mas apresentam frequências angulares distintas, w1¹ w2.

Figura 11.16 Teorema da sobreposição das fontes (fontes sinusoidais com frequências angulares distintas)

As consequências desta diferença são basicamente duas:

(i) as impedâncias dos componentes do circuito diferem consoante a fonte considerada;

(ii) os fasores relativos a cada uma das fontes não podem ser adicionados entre si, sendo necessário convertê-los primeiramente para o domínio do tempo.

Assim, no caso da fonte Vs (Figura 11.16.b) o fasor da tensão V2 é

(11.76)

subjacente ao qual se encontra a frequência w1=1000 rad/s, ao passo que no caso da fonte Is (Figura 11.16.c) o fasor é

(11.77)

em que w2=10000 rad/s. No domínio do tempo a tensão v2(t) é expressa por

(11.78)

um resultado distinto daquele obtido em (11.75).

11.4.4 Teorema de Millman

A generalização do teorema de Millman é consequência da validade da transformação de fonte no regime forçado sinusoidal. Como a Figura 11.17 indica visualmente, a aplicação sucessiva da transformação de fonte permite associar e simplificar tanto a associação em paralelo de fontes de tensão não ideais, como a associação em série de fontes de corrente. A informação contida nas figuras é suficiente para constatar a igualdade na forma entre o teorema de Millman em notação fasorial e no domínio do tempo.

Figura 11.17 Teorema de Millman

11.4.5 Teorema de Miller

Considere-se o circuito da Figura 11.18, relativamente ao qual se pretende determinar a impedância equivalente à direita dos terminais a-b.

Figura 11.18 Teorema de Miller

A particularidade deste circuito consiste no facto de a impedância Z se encontrar ligada a dois terminais entre os quais existe uma relação de ganho, conseguido pela fonte dependente -aVx. A aplicação da Lei de Kirchhoff das tensões à única malha do circuito permite escrever a igualdade

(11.79)

na qual se inscreve a impedância à direita dos terminais a-b

(11.80)

A relação (11.80) indica que a impedância Z é dividida pelo factor (1+a), indicativo da tensão que na realidade se encontra aplicada aos terminais.

Um resultado de particular interesse inscrito na relação (11.80) é o designado efeito de Miller sobre a capacidade dos condensadores. Como se indica na Figura 11.19, nos casos em que a impedância Z é definida por um condensador, Z=(jwC)-1, o valor aparente da capacidade é amplificado de um factor (1+a)

(11.81)

O efeito de Miller é amplamente utilizado na compensação da resposta em frequência de amplificadores operacionais e na redução do efeito de injecção do sinal de relógio em circuitos amostradores-retentores de sinal.

Figura 11.19 Efeito de Miller sobre a capacidade de um condensador