9.2 |
Solução Forçada |
Os regimes
forçados de maior interesse prático são o constante,
ou constante mas sequencialmente comutado, e o
sinusoidal. A análise do regime forçado sinusoidal
conduz ao conceito de impedância eléctrica e ao estudo
dos circuitos eléctricos no domínio da frequência (a
considerar nos Capítulos 11 e 12).9.2.1 Circuitos RC e RLConsidere-se o circuito RC (com fonte independente) representado na Figura 9.5.a. Figura 9.5 Circuitos RC e RL de 1.ª ordem com fontes independentes A aplicação da Lei de Kirchhoff das tensões à malha permite escrever a igualdade
a qual, em conjunto com as características tensão-corrente dos componentes, conduz à equação diferencial com termo forçado
Por outro lado, a aplicação da Lei de Kirchhoff das correntes ao circuito RL representado na Figura 9.5.b permite escrever a igualdade
a qual, por sua vez, conduz à equação diferencial com termo forçado
As equações diferenciais (9.33) e (9.35) apresentam a forma comum
em que t=RC ou t=L/R, consoante o circuito seja de tipo RC ou RL, respectivamente. 9.2.2 Soluções Natural e ForçadaA equação diferencial (9.36) resolve-se por aplicação do método dos factores de integração. Este método consiste em multiplicar ambas as partes da equação diferencial pelo termo et/t
e verificar que
ou seja, que (9.36) se pode escrever na forma
Assim, após integração de ambas as partes verifica-se que
ou seja, que
em que A é uma constante de integração a determinar por imposição das condições inicial e de continuidade da energia armazenada nos elementos condensador ou bobina. A solução (9.41) contém duas parcelas essencialmente distintas: a parcela
que coincide na forma com a solução da equação diferencial homogénea, atrás designada por solução natural, e a parcela
que se designa por solução forçada. A forma da parcela (9.43) é geral e define explicitamente a solução forçada do circuito. Para além do mais, o seu cálculo é independente das condições inicial e de continuidade da energia armazenada nos condensadores e nas bobinas do circuito. 9.2.3 Solução Forçada ConstanteConsidere-se o circuito RC representado na Figura 9.6.a e admita-se que a fonte de tensão vs(t) define um sinal em degrau com origem em t=0 e amplitude Vs, ou seja, vs(t)= Vs.u(t). Admita-se ainda que no instante de tempo t=0 a tensão aos terminais do condensador é vC(0)=Vo. Figura 9.6 Solução forçada constante de um circuito RC De acordo com estes dados, a solução forçada do circuito é expressa por
que, em conjunto com a solução natural, conduz à solução completa
Por outro lado, a imposição das condições inicial e de continuidade
permite obter o valor da constante de integração
e escrever a solução final (Figura 9.6.b)
Considere-se agora a expressão da corrente no condensador, iC(t). Uma vez que
então
cuja amplitude tende para zero quando t ® ¥ . Como se indica na Figura 9.6.c, quando t = ¥ , o circuito comporta-se como se os terminais do condensador se encontrassem em aberto (iC(¥ )=0), situação à qual corresponde a tensão vC(¥ )=Vs. Por conseguinte, a tensão aos terminais do condensador pode ser expressa na forma
indicativa de que a dinâmica temporal de um circuito RC (RL) pode ser determinada recorrendo apenas aos valores inicial e final da tensão (corrente) aos terminais do condensador (bobina). Com efeito, pode concluir-se que:
9.2.4 Solução Forçada SinusoidalConsidere-se o circuito RC figurado em Figura 9.7.a e admita-se que a fonte de sinal é de tipo sinusoidal, vs(t)=u(t).Vs.cos(wt). Figura 9.7 Solução natural e forçada sinusoidal de um circuito RC: (b) w=0.1 rad/s, R=1 W, C=1 F, vC(0)= -1 V, vs(t) = Vs.u(t).cos(wt); (c)w=1 rad/s, R=1 W, C=1 F, vC(0)= -1 V, vs(t) = Vs.u(t).cos(wt) A equação diferencial característica do circuito é, neste caso,
cuja solução após aplicação do integral (9.41) é
em que Bc, Bs e A são constantes a determinar como adiante se indica. A solução (9.53) pode ainda ser expressa na forma
em que
As constantes Bc, Bs e A podem ser determinadas de dois modos essencialmente distintos:
Por exemplo, no caso da segunda metodologia, o cálculo das constantes Bc e Bs passa por substituir a solução forçada na equação diferencial (9.51)
e verificar que a igualdade entre as partes esquerda e direita da mesma conduzem ao sistema de equações
em cuja solução se inscrevem as duas constantes
A substituição das constantes Bc e BS na solução completa permite escrever (a menos da constante A)
ou, em alternativa,
Finalmente, por imposição das condições inicial e de continuidade
obtém-se a expressão da constante A
e a solução final
Nas Figuras 9.7 b e c representam-se as dinâmicas temporais de um circuito RC de 1.ª ordem com condição inicial distinta de zero e termo forçado sinusoidal (mais propriamente um Coseno). A frequência do sinal forçado é w = (10RC)-1 em (b) e w = (RC)-1 em (c). Nesta figura são patentes três características fundamentais do regime forçado sinusoidal:
Adiante se verá que estas três características constituem o ponto de partida para a análise dos circuitos no domínio da frequência. |