14.1 |
Diportos |
14.1.1 DefiniçõesUm diporto é um circuito eléctrico com dois portos de acesso ao exterior (Figura 14.1). Um circuito constitui um diporto e os seus terminais portos quando se verificam em simultâneo as seguintes condições:
Uma vez que por definição um diporto é um circuito que não contém no seu seio fontes independentes, a sua acção resume-se ao processamento das grandezas eléctricas impostas a partir do exterior. Por conseguinte, das quatro grandezas V1, I1, V2 e I2, duas são independentes (são impostas pelo exterior ao circuito) e as outras duas são dependentes (constituem a reacção do diporto aos estímulos aplicados do exterior). 14.1.2 Modelos Eléctricos EquivalentesNa Tabela 14.1 indicam-se as seis alternativas possíveis em matéria de variáveis independentes e dependentes. Por exemplo, no segundo caso as variáveis independentes são as tensões nos dois portos, V1 e V2, sendo dependentes as correntes respectivas, I1 e I2. As variáveis independentes e dependentes relacionam-se entre si através de uma matriz cujos coeficientes têm a dimensão de admitância,
Portanto,
a que corresponde o modelo eléctrico equivalente da Figura 14.3. Na Tabela 14.1 indicam-se as equações e os caracteres utilizados na representação das matrizes e dos coeficientes respectivos.
Tabela 14.1 Caracterização de diportos As seis descrições alternativas de um diporto são convertíveis entre si. Por exemplo, a manipulação algébrica do sistema de equações (14.3) permite obter os coeficientes da matriz de impedâncias de circuito aberto do diporto
cujas variáveis independentes e dependentes são, respectivamente, as correntes e as tensões nos portos. Na Tabela 14.2 resumem-se as regras de conversão entre descrições alternativas de um diporto. Tabela 14.2 Tabela de conversão de coeficientes Os coeficientes da matriz característica de um diporto, por exemplo os coeficientes da matriz de admitâncias, podem ser determinados recorrendo ao cálculo dos cocientes
e
os quais correspondem às configurações da Figura 14.4. Por exemplo, o coeficiente Y11 da matriz coincide com a admitância de entrada do porto-1 quando os terminais do porto-2 se encontram em curto-circuito (a tensão V2 é zero), e vice-versa para o coeficiente Y22. Figura 14.4 Cálculo dos coeficientes da matriz de admitâncias de curto-circuito de um diporto 14.1.3 Exemplos de AplicaçãoConsidere-se o circuito resistivo representado na Figura 14.5.a, relativamente ao qual se pretende determinar os coeficientes da matriz de impedâncias de circuito aberto. As equações que caracterizam o diporto são neste caso
cujas variáveis independentes e dependentes são, respectivamente, as correntes I1 e I2 e as tensões V1 e V2. Nas Figuras 14.5.c a 14.5.d representam-se as quatro configurações de cálculo dos coeficientes Zij da matriz. Figura 14.5 Determinação dos coeficientes da matriz de impedâncias de um diporto Assim,
e
respectivamente. Na Figura 14.5.b representa-se o modelo eléctrico equivalente do diporto, neste caso construído à base de resistências e de fontes de tensão dependentes. Considere-se agora o circuito resistivo representado na Figura 14.6.a, relativamente ao qual se pretende determinar os coeficientes da matriz de admitâncias de curto-circuito, isto é, caracterizá-lo com base nas seguintes duas equações algébricas
Figura 14.6 Determinação dos coeficientes da matriz de admitâncias de um diporto As configurações de cálculo dos coeficientes da matriz encontram-se representadas nas Figuras 14.6.c a 14.6.f, as quais correspondem sempre ao cancelamento de uma das duas tensões nos portos. Assim,
e
respectivamente. Como se indica na Figura 14.6.b, o modelo eléctrico equivalente do diporto é composto por admitâncias e fontes de corrente dependentes. Convém desde já salientar o facto de os diportos sem fontes dependentes apresentarem sempre matrizes de impedâncias ou de admitâncias simétricas. Na Figura 14.7.a apresenta-se um circuito que se pretende caracterizar com base numa matriz de parâmetros híbridos (as variáveis independentes são a corrente no porto-1, à esquerda, e a tensão no porto-2, à direita). Figura 14.7 Determinação dos coeficientes da matriz híbrida de um diporto Uma vez que as duas equações algébricas características do diporto são
então as configurações das Figuras 14.7.c e 14.7.d permitem obter
e
respectivamente. Com o circuito representado na Figura 14.8 pretende-se exemplificar o cálculo dos coeficientes da matriz de transmissão de um diporto. Figura 14.8 Determinação dos coeficientes da matriz de transmissão de um diporto As variáveis independentes são, neste caso, a corrente e a tensão no porto-2 (à direita), isto é,
Pode facilmente demonstrar-se que recorrendo às quatro configurações de cálculo indicadas nas Figuras 14.8.b a 14.8.e se obtém, respectivamente,
e
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