mathend000#. O posicionamento das componentes espectrais do sinal e do batimento composto encontram-se exemplificadas na figura 6.2.
truemm
Figura 6.2:
Espectros dos sinais durante a extração das componentes em fase e quadratura de um sinal passa-banda: sinal original e batimento.
|
A partir das duas componentes em fase e quadratura podemos calcular o envelope complexo
(t) = xc(t) + jxs(t). |
(6-1.02) |
Um detector de envelope tem a vantagem prática de não necessitar o conhecimento da fase da portadora o que simplifica enormemente o circuito necessário, que pode simplesmente ser constituido por um diodo em série com uma resistência em paralelo com um condensador. O envelope da portadora não é mais do que a amplitude da componente passa-baixo do sinal modulado, i.e., a amplitude do sinal modulador.
Qualquer sinal passa-banda se pode escrever a partir de xc(t)
mathend000# e xs(t)
mathend000#, e calcular
a(t) |
= |
[xc2(t) + xs2(t)]1/2, |
|
(t) |
= |
tan-1, |
|
onde (t)
mathend000# é a modulação de fase e a sua derivada
fi(t) = , |
(6-1.03) |
é a modulação em frequência.
Um desmodulador FM pode ser simplesmente um dispositivo que traduz a variação de frequência em variação de amplitude seguido de um detector de envelope, como explicado acima.
Os blocos típicos num receptor analógico são: o amplificador, o sintonizador e o desmodulador. O esquema de um receptor analógico encontra-se representado na figura 6.3.
Figura 6.3:
esquema de blocos do sistema receptor analógico típico.
|
O sinal modulado s(t)
mathend000# captado na antena é primeiramente amplificado graças a um amplificador RF sintonizado na frequência da portadora fc
mathend000#. Este amplificador passa não só a portadora mas também uma determinada banda em torno a esta. No misturador MX o sinal RF amplificado é misturado com uma frequência intermédia
fIF < fc
mathend000# e em seguida todas as outras componentes são filtradas através do filtro e amplificador IF centrado em fIF
mathend000# e com uma banda BIF
mathend000#. Os últimos dois andares são o desmodulador que retira a mensagem útil e o amplificador em banda de base que permite obter o sinal mensagem final m(t)
mathend000#. Um dos blocos essenciais no sistema receptor é o oscilador local à frequência
fcfIF
mathend000# que permite passar da frequência da portadora para a frequência intermédia fIF
mathend000#. A título de exemplo, para AM, a portadora encontra-se entre 540 e 1600 kHz, enquanto a frequência intermédia é de 455 kHz. O espaçamento entre portadoras é normalmente de 10 kHz e a banda intermédia é assim compreendida entre 6 e 10 kHz. Finalmente a banda audio útil é inferior a esta banda intermédia mínima, na ordem dos 5 kHz, máximo.
Um dos problemas principais é o de dispôr de um oscilador local suficientemente estável para permitir a mistura e a passagem para a frequência intermédia. A frequência deste oscilador local é normalmente variável para permitir a sintonização das várias estações de emissão. Existem várias variantes do sistema de recepção proposto na figura 6.3, nomeadamente sistemas com duas frequências intermédias, cujo objectivo é de obter uma maior rejeição das outras bandas de frequências assim como sistemas de recepção para esquemas de modulação em banda lateral única com separação das componentes em fase e em quadratura semelhantes ao representado na figura 6.1. Outros sistemas mais complexos permitem a extração de portadoras em quadratura do tipo QAM.
Algumas das características mais importantes dos receptores são a sensibilidade, a dinâmica e a selectividade. A sensibilidade representa o valor de tensão mínima que colocada à entrada resulta num sinal à saída. Um valor típico será 1
mathend000#V. A dinâmica não é mais do que a gama de variação possível à entrada que permite obter um sinal não distorcido à saída. Uma dinâmica de 100 dB é um valor normal, para um sistema de gama média. A selectividade por sua vez é a capacidade de separar duas frequências próximas com um grau de rejeição aceitável de, digamos, 50 dB.
Sincronização
Como já foi referido acima, um dos problemas frequentemente encontrados na prática traduz-se pela impossibilidade de obter um oscilador suficientemente estável à frequência da portadora ou uma frequência intermédia ligada a essa. O problema é na realidade mais complexo porque não só a frequência do oscilador local deve acompanhar a da portadora mas também a fase deve ser mesma. Ou seja, trata-se de ter um oscilador que acompanhe exactamente a portadora do sinal gerada no emissor, por vezes, a muitos kilometros de distância. Este é um problema prático que, durante muitos anos, foi resolvido graças aos sistemas de modulação com portadora que, como já tivemos oportunidade de dizer, é pouco eficiente em termos energéticos.
A solução passa por um sistema de sequimento de fase muito engenhoso que se chama ``Phase-Lock Loop'', ou PLL. O princípio de funcionamento do PLL pode ser explicado tendo como base a figura 6.4. Nesta figura o sinal de entrada é multiplicado com o da saída do oscilador controlado por tensão (Voltage Controlled Oscillator - VCO). Este dispositivo gera uma onda sinusoidal à sua saída cuja frequência é proporcional à amplitude do sinal de entrada. Esse sinal de entrada é por sua vez o sinal de saída do filtro passa baixo do sinal resultante do ``batimento'' entre o sinal de entrada e a saída do VCO, fechando assim a malha. O objectivo é que o sinal de saída do VCO deverá seguir de forma exacta a fase do sinal de entrada.
Figura 6.4:
esquema de blocos do Phase-lock loop (PLL).
|
Na prática o sinal y(t)
mathend000# escreve-se
y(t) = Kasin(t), |
(6-3.01) |
onde
(t)
mathend000# é o termo de diferença de frequência resultante da filtragem passa-baixo do produto entre o sinal de entrada x(t)
mathend000# e o sinal de comparação v(t)
mathend000#. O sinal á entrada do filtro passa-baixo escreve-se
s(t)v(t) |
= |
2 cos(t)cos(t) |
|
|
= |
cos[(t) + (t)] + cos[(t) - (t)], |
(6-3.02) |
e portanto temos que
(t) = (t) - (t) + 90o
mathend000#, onde o atraso de 90 graus serve para assegurar que y(t)
mathend000# venha a ser igual ao sin
mathend000# e não o cos
mathend000# de
(t)
mathend000# de forma a que
(t) = 0y(t) = 0
mathend000#. O sinal y(t)
mathend000# serve então como entrada do oscilador controlado por tensão (VCO) de tal forma que a sua frequência (ou fase)
(t)
mathend000# seja o mais próxima possível daquela do sinal de entrada
(t)
mathend000#. Quando o PLL se encontra em posição de convergência (locked) a fase do oscilador segue de forma exacta a fase do sinal de entrada, o que nos permite dispôr localmente de um sinal perfeitamente síncrono com a portadora do sinal RF recebido e poder assim efectuar uma extração perfeita e coerente do sinal útil por desmodulação e filtragem. O PLL é regido através de uma equação diferencial na fase do sinal e cuja solução e correcta inicialização garantem a convergência do sistema. As equações de funcionamento encontram-se em [11] e deverão ser abordadas nas disciplinas de Electrónica.
Na prática o PLL é a pedra de base para várias aplicações como sejam os sintetisadores de frequência, os detectores síncronos e os receptores FM (ver páginas 281 a 284 de [11]).
Detecção FM com PLL
Tornou-se óbvio a partir da leitura dos sub-capítulos anteriores que o PLL é a pedra de toque na sincronização de osciladores locais para qualquer receptor de onda sinusoidal, quer ele seja AM ou PM. Para além disso, e dado que o PLL tem como função essencial a de seguir a fase do sinal de entrada, ele pode, por si só, consitituir um desmodulador de fase (ou de frequência). Considerando de novo a figura 6.4 e assumindo que o PLL se encontra em posição de seguimento linear com fv = fc
mathend000#, i.e., com
f = 0
mathend000# e com um erro de fase
(t)
mathend000# pequeno, tal que,
(t) (t)
mathend000#. Nesse caso podemos agora considerar não as variações dos sinais ao longo do tempo mas sim das respectivas fases e escrever que a fase à saída do VCO se escreve
que pode ser comparada com a fase do sinal de entrada (t)
mathend000#. O circuito de blocos encontra-se representado na figura 6.5 onde o filtro passa-baixo se encontra representado pela sua resposta impulsiva h(t)
mathend000#.
Figura 6.5:
esquema de blocos do Phase-lock loop (PLL) utilizado como detector FM no tempo (a) e na frequência (b).
|
As equações do sistema são,
y(t) |
= |
Kah(t) * [(t) - (t)] |
(6-4.04) |
(t) |
= |
2Kvy()d, |
(6-4.05) |
de onde passando para o domínio da frequência de forma a reduzir o integral a uma simples divisão por jf
mathend000# e o produto de convolução a um produto simples,
Y(f ) |
= |
KaH(f )[(f )- (f )] |
(6-4.06) |
(f ) |
= |
Y(f ), |
(6-4.07) |
e substituindo (6-4.7) em (6-4.6),
Y(f ) |
= |
KaH(f )[(f )- Y(f )] |
|
|
= |
(f ) |
|
|
= |
(f ). |
(6-4.08) |
Se o sinal de entrada s(t)
mathend000# for um sinal modulado em frequência tal que
temos que a sua fase no domínio da frequência se escreve
de onde a substituição de (6-4.10) em (6-4.8) permite obter finalmente
Y(f )= HL(f )X(f ), |
(6-4.11) |
onde HL(f )
mathend000# é a função de transferência em malha fechada
HL(f )= . |
(6-4.12) |
Se o filtro passa baixo H(f )
mathend000# tiver um ganho ideal unitário para na banda útil de m(t)
mathend000#,
|f|< W
mathend000# então teremos que nessa mesma banda o ganho em malha fechada
HL(f )= , |
(6-4.13) |
é um filtro passa-baixo com uma resposta de -3 dB para uma frequência de corte K = KaKv
mathend000#, portanto se KW
mathend000# teremos que HL(f )
mathend000# se comporta com um ganho aproximadamente unitário na banda útil do sinal m(t)
mathend000# e
y(t) m(t), |
(6-4.14) |
ou seja o sinal y(t)
mathend000# é proporcional ao sinal modulador m(t)
mathend000#, o que significa que o PLL pode ser utilizado como um detector FM desde que a banda do filtro passa baixo seja superior a W
mathend000# e que também o ganho
KaKvW
mathend000#.
Resumo do capítulo 1:
São abordados os vários tipos de receptores analógicos para modulação de amplitude e fase baseados na extração de envelope complexo através um circuito clássico de batimento com um oscilador local à mesma frequência da portadora. A estrutura clássica do andar receptor é detalhada e realçada a sua dificuldade relativamente à detecção coerente.
Outra secção deste capítulo é dedicada ao problema da sincronização e detalhado o funcionamento do Phase Locked Loop (PLL) como seguidor de fase e depois como detector em modulação de frequência
Sergio Jesus
2008-12-30