11.1

Fasor e Impedância

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AjudaCapítulo 12Capítulo 10Capítulo 11Secção 11.2

11.1.1 Números Complexos e Sinais Sinusoidais

Os números complexos podem ser representados em dois formatos básicos (Figura 11.1): no formato rectangular

P = a + jb (11.1)

em que a e b definem as coordenadas rectangulares do ponto no plano, e no formato polar

P = PÐ q (11.2)

cuja representação em notação exponencial é

P = Pejq (11.3)

e em que P eq definem, respectivamente, o módulo e o ângulo com a horizontal do segmento que une o ponto com a origem. A conversão entre estes dois formatos baseia-se nas regras

Figura 11.1 Representação de um número complexo nos formatos rectangular (a) e polar (b)

(11.4)

e

(11.5)

Os sinais sinusoidais são caracterizados por uma amplitude, uma frequência angular e uma fase na origem. Por exemplo, o sinal

v(t) = Vcos(wt+q) (11.6)

define uma tensão eléctrica sinusoidal de amplitude máxima V, frequência angular w e fase na origem q. Por outro lado, as funções cos(x) e sin(x) podem ser expressas em notação exponencial

(11.7)

e

(11.8)

respectivamente, podendo as exponenciais complexas expressar-se nas formas

(11.9)

e

(11.10)

Uma notação alternativa para as funções cos(x) e sin(x) consiste na utilização dos operadores Real de e Imaginário de. Neste caso,

(11.11)

e

(11.12)

Os operadores Real de e Imaginário de gozam das seguintes propriedades:

(11.13)

relativamente ao operador derivada, e

(11.14)

relativamente ao operador adição.

Admita-se então que se pretende derivar o resultado da soma de duas funções sinusoidais, por exemplo

(11.15)

Recorrendo à notação estabelecida anteriormente, e sabendo que sin(x)=cos(x-p/2), obtém-se

(11.16)

que após aplicação sucessiva das propriedades enunciadas em (11.13) e (11.14) se simplifica para

(11.17)

ou seja,

(11.18)

ou ainda

(11.19)

como seria de esperar por resolução directa de (11.15). De acordo com este resultado, o tratamento de uma equação com funções sinusoidais pode ser efectuada recorrendo à função exponencial complexa, bastando para tal aplicar o seguinte procedimento:

(i) escreve-se a equação com base apenas na função cos(x);

(ii) converte-se a equação para a notação exponencial, efectuando a conversão cos(x) ® ej(x);

(iii) trata-se a equação na notação exponencial;

(iv) converte-se o resultado da notação exponencial à forma inicial, através do operador Real de.

11.1.2 Fasor

Considere-se a função exponencial complexa

(11.20)

em conjunto com a sua representação no plano complexo (Figura 11.2.a). Nos instantes t=ti a exponencial complexa vale

(11.21)

valores que se repetem com uma periodicidade T=2p/w. A periodicidade da função em (11.20) indica que o segmento que une o centro do plano complexo aos pontos sobre a circunferência de raio A roda com uma velocidade angular de w rad/s. No entanto, se se considerar um novo referencial que roda no sentido anti-horário com uma velocidade angular w, então nesse plano obtém-se (Figura 11.2.b)

(11.22)

grandeza que é complexa, designada por fasor e representada pelas formas

(11.23)

ou

(11.24)

Figura 11.2 Conceito de fasor

A importância da notação fasorial na análise do regime forçado sinusoidal deve-se ao facto de nos circuitos lineares excitados por fontes sinusoidais as tensões e as correntes em todos os nós e componentes do circuito serem também sinusoidais e com a mesma frequência angular. As metodologias de análise e de representação das grandezas podem, portanto, ser abreviadas, de modo a conterem apenas a informação relativa à amplitude e à fase na origem, relegando para segundo plano aquela relativa à frequência angular (e ao tempo) que, como se disse, é comum a todo o circuito. No entanto, a informação relativa à dinâmica temporal pode sempre ser recuperada, por exemplo através da sequência de operações

(11.25)

11.1.3 Impedância Eléctrica

Considere-se a resistência representada na Figura 11.3.a, em conjunto com a Lei de Ohm correspondente

(11.26)

e admita-se que a corrente é sinusoidal, i(t)=Icos(wt+q). De acordo com (11.26), a tensão aos terminais da resistência é também sinusoidal

(11.27)

e apresenta uma fase na origem idêntica à da corrente. A representação da Lei de Ohm em notação exponencial

(11.28)

permite escrever a relação fasorial

(11.29)

Figura 11.3 Impedância eléctrica da resistência

a qual, basicamente, indica que os fasores da corrente e da tensão na resistência se encontram relacionados pelo parâmetro resistência eléctrica. Como se indica na Figura 11.3.b, e dada a natureza real do parâmetro R, os fasores da tensão e da corrente na resistência encontram-se em fase. Designa--se por impedância eléctrica da resistência o cociente entre os fasores da tensão e da corrente (Figura 11.3.c)

W, ohm (11.30)

Considere-se agora o condensador representado na Figura 11.4, cuja característica tensão-corrente é expressa pela derivada

(11.31)

e admita-se ainda que a tensão aplicada é sinusoidal, v(t)=Vcos(wt+q). Neste caso, a representação em notação exponencial

(11.32)

permite escrever a relação fasorial entre a tensão e a corrente

(11.33)

a qual indica que no condensador o fasor da corrente se encontra avançado de p/2 radianos relativamente ao fasor da tensão (Figura 11.4.b). A impedância eléctrica do condensador é um número imaginário puro (Figura 11.4.b)

W, ohm (11.34)

cujo módulo é inversamente proporcional à frequência angular da sinusóide sob análise.

Figura 11.4 Impedância eléctrica do condensador

Por analogia com os resultados anteriores, verifica-se que a característica tensão-corrente da bobina (Figura 11.5)

(11.35)

conduz à relação fasorial

(11.36)

de onde se obtém a expressão da impedância eléctrica

W, ohm (11.37)

A relação (11.37) indica que o fasor da tensão na bobina se encontra avançada de p/2 radianos relativamente à corrente.

Figura 11.5 Impedância eléctrica da bobina

Considere-se o circuito RL representado na Figura 11.6.a e admita-se que a tensão aplicada é sinusoidal. Neste caso,

(11.38)

isto é,

(11.39)

e a impedância do conjunto é

(11.40)

A impedância eléctrica de um componente ou de um conjunto de componentes é um número complexo cuja representação no formato polar é

(Figuras 11.6.b), em que Z e j representam o módulo e a fase, respectivamente, ao passo que no formato rectangular é

(Figura 11.6.c), em que R e X representam, respectivamente, as partes real e imaginária (esta última é vulgarmente designada por reatância). O inverso da impedância designa-se por admitância eléctrica, cuja unidade é o siemens (S).

Figura 11.6 Circuito RL (a) e representação em coordenadas rectangulares (b) e polares (c) da impedância eléctrica

Na Tabela 11.1 resumem-se as características tensão-corrente no domínio do tempo, as relações fasoriais, as impedâncias e as admitâncias eléctricas dos componentes resistência, condensador e bobina.

COMPONENTE DOMÍNIO
TEMPO
NOTAÇÃO
FASORIAL
IMPEDÂNCIA
(
W)
ADMITÂNCIA
(S)
resistência v(t)=Ri(t) V=RI R G
condensador I=jwCV jwC
bobina V=jwLI jwL

Tabela 11.1 Resistência, condensador e bobina